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Será auto-suficiente na produção de arroz em cinco anos, diz Celso Correia

Texto: Raúl Massingue Foto: O País

faz com que o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, acredite que, nos próximos cinco anos, o país será auto-suficiente na produção de arroz. Celso Correia falava ontem, em Chókwè, província de Gaza, durante a reinauguração de uma fábrica de processamento de arroz com capacidade de 60 mil toneladas anuais.

Trata-se do Complexo Agro-industrial de Chókwè (CAIC), infra-estrutura que compreende unidades de processamento de arroz, castanha de caju e tomate.

Nesta terça-feira, foi reinaugurada a unidade de processamento de arroz, um investimento que custou um milhão de meticais.

Coube ao ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, presidir a cerimónia e proceder ao ligamento das máquinas. O dirigente visitou as instalações e verificou como funciona toda a cadeia, desde o descarregamento do arroz proveniente das machambas até o ensacamento.

No seu discurso, o governante destacou que a reabertura daquela unidade é a realização de um sonho antigo.

“Testemunhamos o arranque do roncar dos motores das máquinas de processamento de arroz. Trata-se de uma fábrica que esteve encerrada há mais de quatro anos, por vários motivos. Este momento representa o despertar de um monstro adormecido. Fizemos um investimento na ordem de 600 milhões de meticais no Regadio de Chókwè, o que nos permitiu aumentar a produção na ordem de 20 mil toneladas de arroz nesta campanha, onde estendemos a produção para mais cinco mil novos hectares”, introduziu o dirigente, para depois destacar a relevância da mecanização nos processos de produção, como forma de maximizar os ganhos com a agricultura.

“Juntamos a essa celebração a entrega das primeiras oito ceifeiras para a colheita do arroz, das quais seis já se encontram em território nacional. Estas máquinas surgem no corolário das visitas de monitoria que temos estado a efectuar a este regadio. O Governo de Moçambique cumpre hoje (referindo-se a ontem) mais uma promessa neste regadio, através do SUSTENTA. No que diz respeito à produção, a nossa perspectiva é atingir, ainda nesta época, 1/3 da capacidade máxima de 30 mil toneladas por ano, desta unidade fabril, e irmos crescendo até a sua capacidade máxima nas próximas duas campanhas”, destacou.

PRIMEIRA PRODUçÃO É PARA AS FDS

Na ocasião, Celso Correia disse que os primeiros sacos de arroz SUSTENTA a saírem da fábrica serão para as Forças de Defesa e Segurança (FDS) que se encontram em operações no centro e norte do país.

“Os primeiros sacos de arroz que daqui sairão servirão para alimentar as nossas Forças de Defesa e Segurança. Para os nossos jovens, que estão em operações quer no norte quer no centro, serão reforçadas as suas energias com este produto nacional. Não será oferta, iremos vender, mas praticaremos preços bonificados. Estaremos, assim, a contribuir para o desenvolvimento do país e para o equilíbrio da nossa balança de pagamentos”, precisou.

Neste momento, a fábrica está sob gestão da Hidráulica de Chókwè (HICEP), empresa pública que assumirá os destinos do empreendimento até se encontrar um investidor privado interessado em abraçar o projecto.

“A nossa visão é clara quanto a este processo: não é trabalho do Estado gerir fábricas, esta unidade de processamento de arroz estará ao cargo do sector privado. E já estamos em negociações avançadas com um operador nesse domínio”, garantiu.

AUTO-SUFICIÊNCIA EM

ANOS

Noutro desenvolvimento, Correia disse que os indicadores, em termos de produção de arroz, são animadores e dão garantias de que o país será auto-suficiente nos próximos anos.

“Estes resultados positivos abrem grandes desafios e perspectivas para um futuro de crescimento constante. Agora não podemos falar em sinais apenas, mas em resultados. É este o caminho de resultados a que queremos percorrer. O nosso compromisso é atingir a auto-suficiência nesta cultura nos próximos cinco anos. Foi neste âmbito que, na semana passada, em Nante, na Zambézia, fomos confirmar o avanço das obras de reconstrução de infra-estruturas de irrigação em Munda, onde esperamos cobrir mais 3.000 hectares de produção desta cultura de rendimento, na próxima campanha. Esta acção do Governo no domínio dos regadios não se resume somente nestas duas intervenções a que fizemos referência, mas integra a reabilitação de um total de 12.000 hectares nas províncias de Gaza, Manica, Sofala, Zambézia e, igualmente, a facilitação de acesso a kits de produção para mais de 50.000 pequenos produtores”.

CINCO

MAIS DE 100 EXTENSIONISTAS PARA GAZA

Ainda na cerimónia, foram apresentados mais de 100 extensionistas recentemente contratados, para disseminar boas práticas e prestar apoio aos agricultores daquela província.

“Ainda no âmbito da preparação da campanha 2021-2022, testemunhamos hoje (referindo-se a ontem) a parada dos extensionistas no nosso exército de produção de Moçambique, onde damos a conhecer que Gaza viu reforçada a sua capacidade em mais de 120%, através da contratação de 194 novos extensionistas, totalizando, agora, um efectivo de 352.”

Correia deixou, na ocasião, uma mensagem aos extensionistas: “Caros extensionistas, destacamos que a nossa grande aposta está na transferência de tecnologias aos produtores e, como temos reiterado, os nossos extensionistas são o meio para alcançar esse objectivo. Captem o conhecimento, retenham mas também transfiram para o nosso último beneficiário: o produtor. Só assim conseguiremos atingir o nosso maior objectivo, o de melhorar a sua renda e tirá-lo da pobreza. Pouco adiantará se os rendimentos dos mesmos não subirem”, terminou

De salientar que o Complexo Agro-industrial de Chókwè (CAIC) foi inaugurado em 2015, pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, e custou 60 milhões de dólares, valor financiado pelo Exim Bank da China. Em pleno funcionamento, a fábrica tem a capacidade de processar 60 mil toneladas de arroz por ano.

GAZA JÁ PRODUZ CEVADA

Ainda no evento, a gestão do Regadio de Chókwè anunciou bons resultados na produção em grande escala de cevada, matéria-prima para produção de cerveja.

“Depois de muitos ensaios, chegou-se à conclusão de que a produção da cevada é maior aqui no nosso distrito. Aqui conseguimos produzir entre quatro e seis toneladas por hectare. Neste momento está em curso o processo de multiplicação da semente e temos em campo cerca de 80 hectares e a produção esperada é de 240 toneladas. Para nós é uma grande vantagem ter uma cultura como esta, que tem mercado garantido”, iniciou Soares Chirinda, Presidente do Conselho de Administração da Hidráulica de Chókwè, para depois referir-se aos clientes interessados em adquirir o produto.

“Dentro de dois meses teremos a primeira colheita, porque tem que sair antes da plantação do arroz. O grande interessado neste produto é a empresa de produção de cerveja, a Heineken Moçambique”, revelou Chirinda.

De acordo com a análise publicada pelo INE, a variação negativa do volume de negócios, que ocorre pelo terceiro mês consecutivo, deveu-se à ordem de importância ao decrescimento verificado nos sectores de transportes e armazenagem, de comércio e da produção industrial, com 15,8%, 7,0% e 5,3% respectivamente.

No sentido contrário, o INE refere que os sectores de electricidade, de outros serviços não-financeiros registaram incrementos de 17,7% e 0,6%, respectivamente. O sector de alojamento e restauração registou uma estabilização da facturação no mês em análise.

Dada a grande relevância do sector industrial, ressalta que a sua variação negativa foi influenciada pelas actividades de preparação e conservação, de frutos e de produtos hortícolas, obtenção e primeira transformação dos metais não ferrosos e fabricação de elementos de construção em metal, reservatórios e geradores de vapor.

A queda ligeira do emprego no mês de Julho de 2021 foi determinada pelas quedas nos sectores da produção industrial (-6,1%), de transportes e armazenagem, bem como dos outros serviços não-financeiros com 0,1% de diminuição cada um, facto que superou os sectores de alojamento, restauração e similares, assim como o de comércio com 1,3% e 0,4% de incremento respectivamente.

A contínua diminuição do índice de remunerações, que se regista pelo segundo mês consecutivo, resultou dos declínios registados nos sectores da produção industrial (- 2,9%), de comércio (-1,2%) e de transportes e armazenagem (-0,6%), tendência contrariada pelos sectores de alojamento, restauração e similares e de outros serviços não-financeiros que se apreciaram positivamente em 6,4% e 0,1% respectivamente face ao mês anterior.

Comparando os índices globais do mês de Julho de 2021, com os do período homólogo de 2020, os índices de volume de negócios, de remunerações e de emprego registaram crescimentos de 18,1%, 13,2% e 3,1%, respectivamente, facto que reflecte o relaxamento das medidas da Situação da Calamidade Pública, referentes ao combate à pandemia da COVID-19 na maior parte do sector empresarial do país.

INE REVELA DETERIORAçÃO DO CLIMA ECONóMICO NO TERCEIRO TRIMESTRE DE 2021

O Indicador do Clima Económico (ICE) prolongou a tendência decrescente que vem registando desde o primeiro trimestre de 2021. Segundo a recente publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE), comparado com os anos anteriores, o perfil do ICE registado no trimestre de referência, apresenta-se ligeiramente acima do verificado no trimestre homólogo de 2020.

De acordo com os dados do INE, em termos sectoriais, a conjuntura desfavorável da economia no terceiro trimestre de 2021 decorreu da apreciação negativa dos agentes dos sectores de produção industrial e de serviços (que incluem os de transportes, alojamento e restauração, construção e dos outros serviços não-financeiros), facto que permitiu suplantar o de comércio que registou um incremento substancial no período em análise.

A análise do INE indica que a procura futura prolongou a quebra no terceiro trimestre, ou seja, o indicador continuou a deteriorar-se no terceiro trimestre de 2021, apesar da ligeira diferença de saldo de respostas relativamente ao trimestre anterior, bem como o nível mais baixo da sua série temporal dos últimos quatro trimestres. Essa perspectiva desfavorável no trimestre em análise decorreu da avaliação pessimista do indicador nos sectores da produção industrial e de serviços, contrariando o sector do comércio que se apreciou positivamente face ao trimestre anterior.

Quanto ao emprego, o INE indica que, no período em análise, o mesmo continuou em queda, isto é, registou uma diminuição acentuada, se comparado com o trimestre anterior, facto que acontece pelo terceiro trimestre consecutivo, tendo o seu saldo atingido o nível mais baixo da respectiva série temporal.

Já os preços subiram de forma ténue no terceiro trimestre face ao anterior, tendo-se o seu saldo situado acima do observado no mesmo trimestre de 2020. A subida dos preços futuros no III trimestre foi impulsionada pelas opiniões inflacionistas vinculadas a todas as actividades alvos do inquérito com maior destaque para a produção industrial.

EMPRESAS COM CONSTRANGIMENTOS DIMINUEM 15% NO TERCEIRO TRIMESTRE

Em média, 39% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo no terceiro trimestre, situação que representou uma diminuição de 15% de empresas com constrangimentos face ao trimestre anterior.

Segundo o INE, a queda da proporção de empresas com limitação de actividade no trimestre em análise foi influenciada, principalmente, pela redução de empresas com dificuldades em todos os sectores face ao trimestre anterior. Os sectores com maior frequência relativa de empresas com constrangimentos foram os serviços de transportes (46%), actividades da produção industrial (40%) e comércio (32%).

QUEDA DRÁSTICA DA PERSPECTIVA DE EMPREGO DETERIORA CONFIANçA NO SECTOR INDUSTRIAL

Em conformidade com o INE, no III trimestre do ano corrente, o indicador de confiança do sector da produção industrial abrandou ao registar uma substancial diminuição, facto que acontece após ligeiro incremento no trimestre anterior, tendo o seu saldo atingido um novo mínimo da respectiva série temporal.

A perspectiva de preços experimentou uma expansão se comparada com o trimestre anterior. Cerca de 40% das empresas deste sector tiveram constrangimentos no trimestre em análise, o que representou 21% de redução de empresas com constrangimentos face ao trimestre anterior, facto contrário ao indicador síntese do sector.

Uma série de factores continuou a afectar o sector industrial, destacando-se a falta de matéria-prima (32%), a falta de acesso ao crédito (20%), a concorrência (16%) e os outros factores não especificados (18%) como principais obstáculos que dificultaram o óptimo desempenho do sector.

CONFIANçA EMPRESARIAL NO COMÉRCIO AUMENTOU

No período entre Julho e Setembro, o indicador de confiança do sector do comércio voltou a aumentar de forma substancial se comparado com o trimestre anterior, representando, assim, uma situação muito melhor da registada no período homólogo de 2020. Cerca de 32% das empresas do comércio enfrentaram algumas dificuldades no desempenho da actividade no trimestre em análise, o que correspondeu a uma redução de 18% de empresas do sector com limitação da actividade face ao trimestre anterior. Os principais factores continuaram a ser a baixa procura (43%), a concorrência (21%) e a falta de acesso ao crédito (14%) e os outros factores não especificados (21%) em ordem de importância.

Contrariamente, a confiança no sector de serviços foi desfavorável. O INE destaca uma queda ligeira do volume de negócios. Cerca de 46% das empresas deste grupo de actividades foram afectadas por algum obstáculo no período em referência, o que correspondeu a 3% de diminuição de empresas do sector com alguma limitação de actividade face ao trimestre anterior. Essa situação foi influenciada principalmente pela baixa procura (37%), falta de acesso ao crédito (11%), a concorrência (9%) e outros factores não especificados (33%).

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2021-10-15T07:00:00.0000000Z

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